sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Por favor, não me interpretem mal (titulo deve ser lido pelo menos 10 vezes antes de avançar para o texto)

Não sou de publicar posts solidários, pois não me parece que seja essa a função deste blog, tal como devido ao alcance limitadissimo do que aqui escrevo, também não adiantar nada que eu faça aqui apelos do que quer que seja. Desta forma, e apesar de manifestar daqui o meu apoio a 100% ao Carlos Martins, respectiva familia e especialmente ao Gustavo, não era suposto escrever o que quer que fosse acerca disto.

O que escrevo agora deve-se ao facto de ver em todo o lado manifestações de apoio e ver o meu mail inundado com todo o tipo de apelos para o Gustavo. Não me entendam mal, concordo com todas as ideias que por ai apareceram e com tudo o que me enviam, apenas sempre me fez e continua a fazer impressão o facto de as pessoas só se lembrarem que a leucemia, o cancro e outras doenças existem quando estas afectam alguém famoso. As pessoas só param para pensar nos seus comportamentos rodoviarios quando um actor dos Morangos com Açucar falece devido na estrada. As pessoas só olham para os problemas dos invisuais quando um Champalimaud é afectado pela doença.

Enviam-me mails a informar que "doar medula ossea é fácil"... pois é pah, pois é pah, mas já era antes de o Gustavo ter a infelicidade de ficar dependente de uma doação, tal como vai continuar a ser depois de o Gustavo conseguir essa mesma doação, como acredito que vai conseguir. A questão é saber se aqueles que nunca pensaram em doar medula ossea ou sangue ou o que quer que seja e que agora acordaram para esta realidade, se vão continuar a ter preocupações nesta área. Ou será que vai ser preciso um outro jogador de futebol, um actor ou alguem do jet set adoecer outra vez?

O movimento solidário em volta do filho do Carlos Martins é uma coisa espectacular, sem duvida, mas já alguém disse quantas crianças estão em lista de espera para doações de medula ou de outro orgão qualquer? Sinceramente não sei qual o numero (espero que nenhuma), mas sei que, por exemplo, os hospitais se debatem com falta de sangue e "é tão fácil doar sangue"...

Repito, nada do que escrevi aqui coloca em causa a minha solidariedade para com o Gustavo e não pretendo de forma alguma colocar em causa quem, muito correctamente, apela à ajuda ao filho do nosso Carlos Martins. Gostava era que o caso do Gustavo, tivesse pelo menos o condão de alertar todas as pessoas para o facto de os problemas de saude não afectarem só os famosos.

Por favor, sei que nesta altura este é um assunto delicado, mas não me entendam mal.

7 comentários:

JoZé disse...

Entendo. Mas não podemos ignorar um efeito secundário: por causa destas campanhas solidárias com os famosos, os menos famosos afetados podem beneficiar de uma maior consciência social (ou até mais) para certo tipo de problemas.

Anónimo disse...

Sinceramente concordo consigo amigo,e espero que acima de tudo toda esta grande manifestação de solidariedade ao Gustavo,Carlos e restante familia possaaparecer um dador não só para o Gustavo,como para a "Maria",o "João",a "Beatriz" e muitos outros meninos que esperam e desesperam por um dador compativel.
A todos eles a minha solidariedade e um abraço de esperança.
Vasco Duarte

edgar_slb disse...

Bom dia.
Creio que o Constantino fala de factos irrefutáveis. Mas lá está: esperemos que estes casos que afectam pessoas famosas despertem a consciência social de um mundo (no qual me incluo) tantas vezes "sem tempo" para os que estão `na margem´.
Esperemos que esta iniciativa supere de uma forma contundente todas as expectativas para que milhões de "Gustavos" possam ser salvos nestes próximos anos.
Dar sangue é uma obrigação de todos os que reunem condições para tal, pois tal como disse o grande Muhammad Ali: "O serviço aos outros é a renda que tu pagas pelo teu quarto aqui na terra".
CARREGA BENFICA!!!

Ricardo disse...

Concordo. Acho até patética a forma como as pessoas entendem o conceito. Mas isso são outros quinhentos.

Que o puto Gustavo encontre doador e que os outros todos - aqueles que há uma semana precisavam, precisam hoje e se calhar continuarão a precisar, depois do doador do Gustavo ser encontrado - consigam ser felizes. Morrendo ou não, que isso da morte é uma coisa que ultrapassa muitas vezes as boas intenções.

Antes que algum filho de jogador se lembre de me tirar o protagonismo, quero lembrar que há gente a passar fome nas ruas deste país. Se não for pedir muito, entrem numa Associação e façam qualquer coisa.

edgar_slb disse...

Toneca, creio que esse comentário vem completamente a despropósito.
Ricardo, esse último parágrafo é uma lástima. Se esse problema da "fome nas ruas" fosse tão linear como o quer fazer crer, seria de fácil resolução. Mas como não é, e estão em causa `n´ factores, ainda não está resolvido. Se nos casos de dar sangue ou alistar-se para poder ser dador de medula tudo se resume a minutos, a "fome nas ruas" é um problema que pode ser visto do prisma conjuntural e/ou estrutural, além de que uns indivíduos estão nessa situação porque a sociedade não permite que se integrem na mesma, enquanto que outros não se integram por simplesmente gostarem de viver assim.
Mais: para se combater a "fome nas ruas" terão que criar-se suportes sociais para reintegrar essas pessoas. Sim, porque não é por ir dar um prato de sopa a um Homem que a coisa se resolve. Pois daí a bocado estará com mais fome.
CARREGA BENFICA!!!

Anónimo disse...

Está visto que não és hipócrita.O teu post está altamente.

edgar_slb disse...

Mas, Toneca, acho que este não é o post mais indicado para se achincalhar alguém.