O Português é mentalmente gordo e claustrofóbico desde os tempos em que D. Afonso Henriques convidou os amigos para irem lá ao castelo encher o bandulho com um cozido à portuguesa, para mais tarde descobrir que vivia num território tão pequenino que nem espaço havia para plantar os repolhos e as cenouras para o dito repasto. Vai daí e até Ourique foram meia dúzia de anos a destrambelhar mouriscos para que nunca mais os seus convivas fossem recebidos a pão e água. Foram necessários mais uns quantos séculos até que esta esquizofrénica portugalidade virada para o outro lado das fronteiras atacasse novamente e quando Luís de Camões levantou a pala do olho direito para literalmente dizer olhos nos olhos (em vez de olho nos olhos) do Gigante Adamastor que "aqui ao leme sou mais do que eu; sou um povo que quer o mar que é teu", já D. João II havia estropiado muito negro africano para poder estender a barriga farta até ao outro lado do continente sulista.
Foi nesta mescla de nacionalismo e "quero-me-por-na-alheta-deste-rectângulo-a-toda-a-bolina-ismo" que nasceu em 1904 um clube ali num boteco belenense, que em pouco tempo tratou de abraçar Lisboa, beijar Portugal, fazer amor com a Europa e "flertar" com o Mundo (pequeno brasileirismo de homenagem a Otto Glória, o homem que foi mais gordo que todos os gordos benfiquistas e mais pitosga que todos os poetas mono-visuais). Mais do que a águia altaneira, a roda de bicicleta assumiu-se como o grande símbolo da quimera encarnada, feita de muita estrada batida, muito suor vertido e muita pele da nalga esturricada no macadame escuro. Os reboludos fundadores que mal cabiam na pequena Quinta da Feiteira viram-se um dia num megafúndio admirado por todo o estrangeiro minimamente alfabetizado e invejado por todo o conterrâneo com cursos tirados no Clube de Ténis do Estoril ou nas encostas durienses. Mesmo aí acharam os líderes do que se tornara o Máiór do Mundo que a expansão ia a meio, porque estas coisas levam o seu tempo porque de tanto alargar as calças, ás vezes fica-se sem tecido e pénis de gordo à mostra choca muita senhora de bem
É pois natural que eu, como português portador de ambição desmedida e por acaso uma quase cegueira otto-gloriana, tenha desenvolvido uma paixão exacerbada e doentia pelo Meu Clube, esse pioneiro da filosofia do "crescimento social através da vitória esmagadora". Tal qual o nosso fundador e todos os que o procederam, também eu fui desenvolvendo uma claustrofobia atávica pelo reduzido número de títulos do Meu Clube (favor considerar a minha contabilidade diferente da lagarta). É um tipo de demência facilmente diagnosticável, em especial nos 10 minutos seguintes a qualquer jogo do Glorioso, tendo como grande vantagem o facto de não necessitar a intervenção de terceiros para procederem a exaustivos toques rectais nos rapazes nem palpações mamárias no caso das raparigas.
O "Benfiquismo Crónicó-doentio", ou como a minha lindíssima esposa gosta de lhe chamar, o "MAS TU VAI-ME VER ESSA MERDA PARA O CAFÉ QUE EU JÁ NEM TE POSSO OUVIR", revela-se acima de tudo através de três sintomas físicos fundamentais: cabeças dos dedos das mãos (no Verão pode ser também nos dos pés) em sangue, cordas vocais em pior estado que as cordas da guitarra do Eddie Stardust no final de um concerto de Cebola Mol e tremor irritante para todos os que rodeiam o paciente, nos membros superiores e inferiores do mesmo. Em termos mentais, esta doença tem o condão de desenvolver no pobre desgraçado enfermo outros 3 sintomas fundamentais: muita ambição, ambição desmedida, ambição pornográfica e absurdamente grande.
Eu que apesar de não ser médico, sou bastante autónomo e independente no que respeita a avaliar os meus problemas de saúde, ao ponto de com 4 anos ter achado que a minha pele não tinha o brilho e o toque sedoso que deveria e como tal ter auto diagnosticado-me um banho de verniz celuloso em todo o corpo (é certo que não resultou mas penso que terá sido culpa do banho de diluente que o meu pai me deu depois) pensei que neste caso seria preferível pedir ajuda especializada. O médico que consultei confirmou o meu diagnóstico prévio e receitou-me 1 colher de artur jorge da amadora por semana durante 3 anos a fim de curar a maleita. Infelizmente para mim, continuo a padecer do problema, sem que tenha havido qualquer tipo de evolução na questão. Hoje contactei o doutor e ele não encontrou explicação para o facto. Para mim (que repito, nada percebo de coisas do foro medicinal) a explicação é simples: não há filho da puta neste Mundo que me erradique este Benfiquismo!!! Mas claro, português e ambicioso como sou, estou preparado para conquistar a Lua e Marte na procura dele.
6 comentários:
Pois, eu continuo a não gostar de segundas-feiras... nem de médicos
As segundas-feiras só são saborosas quando o Benfica ganha.
Queres conhecer os IDIOTAS da blogsfera e as suas diárias idiotices?
WWW.COVILDOSIDIOTAS@GMAIL.COM
Genial
Alguém explica aí ao idiota que ou é site ou é mail?
Vittalino,
Que melhor publicidade pode dar ele ao Anti-Idiota do que o comentario que aqui deixou?
Abraço
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