Sobrevivi à década negra do Benfica, aos
flops, jogadores (?!?) da treta. Já vi alguns empates que souberam a vitória
(está lá o 4-4, sim). Já vi derrotas que nem vale a pena lembrar. Já vi muitas
vitórias, algumas completamente estonteantes. Tenho, por isso, muito material
para escrever (felizmente outros também terão!). Mas se escrever alguma coisa,
será apenas sobre jogos em que assisti ao vivo. Já fui muitas vezes à Luz
(sempre à nova). De todos os jogos, só um empate – um célebre Benfica-Nacional
em que podíamos passar para a liderança mas nos roubaram um golo marcado pelo
Cardozo, alegando uma mão do Miguel Vitor quando pontapearam contra ele uma
bola em que ele estava deitado no meio do chão (se não me engano, o lance foi
assim). Tanto que costumo dizer que quando vou à Luz ou o Benfica ganha, ou
pelo menos marca mais do que o adversário. Depois há sempre alguém que me diz: “pois,
só vais ver contra equipas pequenas!”. Sim, isso mesmo: lagartagem e
tripeiragem. Já vi jogos contra o Oliveira do Bairro (não, não vou falar sobre
esse jogo), até vi o golo do Derlei (recuso-me a escrever sobre isso) mas já
assisti a vitórias sobre os corruptos, sobre os lagartos (várias, por sinal),
sobre o braguinha, sobre o grande Liverpool (o meu outro Amor vermelho, a
seguir ao Benfica), jogo do título (alguém vai escrever primeiro que eu…).
Não é nenhum desses jogos que vai
sair daqui agora. 24 de abril de 2010. Se forem procurar descobrem o Benfica-Olhanense.
E vocês pensam: que m**** é esta? Este gajo tem jogos tão bons e vem-me falar
disto?
12 de abril de 2007: nasce o meu
primogénito. Quem sabe as regras dos estádios percebe logo o que está aqui: os
miúdos só podem entrar nos estádios com 3 anos. Resultado, só podia entrar a
partir de 12 de abril de 2010. Mas o Benfica jogou no dia 13 de abril de 2010
na Luz! Sim, também lá estive, num outro jogo memorável, com uma história
interessantíssima para contar (fica para segundas núpcias). Mas o jogo era
durante da semana e contra adeptos como aqueles, tive receio… Portanto o miúdo
entra na Luz 12 dias depois de completar os 3 anos.
Fomos cedo, para um dos topos. O
Rui ficou encantado com o relvado e com a “gáguia” (ainda hoje fala disso). E
aplaudiu de pé a entrada da equipa (e não viu nada no relvado). O jogo começa e
o Benfica estilo “rolo compressor” marca aos 3 minutos, de penalty, na baliza do
outro topo. Como foi de penalty, o menino estava preparado para ver o golo.
Bate Cardozo… e golo! Todos saltam, o Rui aplaude. E quando todos se sentam
pergunta: “Pai, vamos embora?”.Pois, não fomos… Continuámos e
vimos um jogador adversário ser expulso e o abre-latas Di Maria marcar antes do
meio da primeira parte.
No intervalo o Rui queixou-se que
estava há muito tempo à espera. Mas voltou a ficar feliz com a entrada das
equipas, ainda que sem a “gáguia”. E vimos bem de perto o passe de letra de di
Maria para Cardozo no início da segunda parte, uma jogada que hoje ainda me
lembro de assistir. Confesso que para relembrar o resto dos golos tive que
recorrer ao resumo, sendo que o Tacuara ainda fez um hatrick e o EL MAGO
(vénia, vénia, vénia) marcou o último golo.
Foi mais um jogo rolo compressor
do Benfica. Que já tinha aniquilado a carreira de treinador do Azelha, por
exemplo. Nesse ano gastei muito dinheiro para ir à Luz (que hoje em dia já não
posso fazer…) e valeu sempre a pena. Outros jogos serão rapidamente falados
aqui de certeza: o tal de 13 de abril, o dilúvio com os bimbos, o jogo com o
braguinha (em que tive que ficar no meio da claque do braga e que, com meia
dúzia de outros Benfiquistas, festejei o golo e acabámos o jogo a cantar – “Nós
parámos o Mossoró, yayaô!”), o jogo do título. Mas a escolha tinha que ser
outra: o dia em que o meu filho pela primeira vez entrou no Estádio da Luz. Em
que comigo festejou golos. E de onde saiu a cantar “Oh!!! Sport Lisboa e
Benfica, O CAMPEÃO!” E fomos…
Paulo Ferreira
(continuo a aguardar por textos sobre grandes vitórias. A adesão a isto até agora foi apenas residual, pelo que até agora só tem garantias de continuação por mais um jogo. Cheguem-se à frente Lampiões de rija cepa.)
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