terça-feira, 6 de novembro de 2012

A verdadeira história de como a Alemanha perdeu a guerra

30 de Abril de 1945... Sozinho na cabine do Terceiro Reich, Adolf "o joanetes" Hitler enterra o penteado à tigela, que Eva Braun lhe havia feito dois dias antes com recurso a uma tesoura de trinchar peixe e um tupperware redondo comprado numa reunião de vendedoras dos famosos recipientes plásticos em casa de Magdalena Goebbels, nas palmas das mãos enquanto joga mentalmente ao galo entre as juntas do pavimento cerâmico, onde Martin "o canídeo" Bormann num assomo de lealdade canina, limpa com a língua o polvilhado de caspa que cai do seborreico mini bigode do ainda presidente-treinador-capitão-jogador-guarda-redes-defesa-médio-avançado-massagista-aguadeiro-engraxador-de-botas da mannschaft wermachtiana . A partida aproxima-se do final e o que havia sido um inicio deveras promissor, desenha-se como um verdadeiro holocausto teutónico.

À boa maneira germânica, a pré-época havia sido preparada a contento, com a contratação de reforços polacos e austríacos, por valores recordes à época: os austríacos assinaram em troca de duas balas no bucho do respectivo chanceler Engelbert Dollfuss, que de tão enfezadinho que era, com certeza agradeceu os nutrientes de chumbo e pólvora. Pelas ruas de Viena dizia-se à boca cheia que teria sido a sua mais completa refeição do dia. Já os polacos tinham saltado a cerca por muito menos. Três barreiras de delimitação de fronteira feitas em palhinhas para beber Fanta e um obus de duas toneladas a fazer pipocas num silo de milho na cidade de Gdansk foram o suficiente para a assinatura do contrato. Na verdade não se tratou de nenhuma decisão anti-patriota dos poloneses, apenas também eles acharam que havia poucas vogais no nome da cidade e, mal por mal, Danzig sempre iria equilibrar um pouco os pratos da balança na luta contra as consoantes. Não obstante estas duas contratações, os germânicos conseguiram ainda o direito de opção sobre os soviéticos, em troca de um molotov bem batido e a escorrer doce.

Foi assim nestes trâmites que soou o apito inicial da partida Aliados - Terceiro Reich. Estes fazendo alarde dos seus já famosos "15 minutos à Prússia" atiraram-se à baliza aliada como gato a bofe, obrigando Winston "o lobanovsky" Churchill a substituir os britânicos em Dunquerque ainda antes dos 5 minutos de jogo. Foi assim sem surpresa que os nazis se adiantaram no marcador, numa jogada plena de execução táctica, em que a Divisão Panzer ultrapassou em velocidade a linha Maginot e a cruzar ao primeiro poste, onde Adolf "o joanetes" Hitler apareceu ao seu estilo mamão e sempre em fora de jogo, a aproveitar que a defesa gaulesa estava distraida na marcação a Erwin "o preto" Rommel na desértica lateral direita defensiva, para encostar a fronteira de França para Vichy. Estavam abertas as hostilidades e quem estava na bancada pensou que seria apenas o primeiro de muitos golos dos servos do fuhrer. Pode-se por isso imaginar a cara de surpresa dos espectadores com o que se sucedeu.

Numa manobra implicita para garantir uma maior segurança defensiva, Adolf "o joanetes" Hitler  decidiu trocar Erwin "o preto" Rommel de flanco. O homem habituado aos abrasadores escaldões do flanco direito não se adaptou à situação da sua urina estalactitar automaticamente após abandonar o calor da sua bexiga. Conscientes desse facto e utilizando um tipo de jogo tipicamente britânico  os aliados igualaram o marcador perto do intervalo através do jogo aéreo, lançando sucessivas jogadas pelo ar até que finalmente facturaram a Normandia. Mas se a partida parecia se complicar para as hostes arianas, pior ficaram quando Rudolph "o choninhas" Hess se sentou junto no banco aliado e num quadro explicou a Dwight "o girafa" Eisenhower como bater os seus camaradas. Ao ver este triste panorama, Joseph "o anão perneta" Goebbels levantou-se do seu banco e mancou em direcção ao banco adversário, não chegando lá contudo senão três dias após o témrino da partida.

Ao intervalo, enquanto no balneário trans-mundial o optimismo reinava, e Dwight "o girafa" Eisenhower mandava aquecer a união Soviética para, muito surpreendentemente entrar na segunda parte, no bunker nacional socialista ninguém se entendia. Heinrich "o ouve-tudo" Himmler gritava com Hermann "o barril" Goering "dizes que dominas o jogo aéreo mas não ganhas uma de cabeça caralho". O anafado marechal, com um cachimbo de ópio estacionado entre os incisivos, corria pelo balneário batendo os braços e cantando "mamã...mamã... bzz bzz... não sou uma borboleta... bzz ...bzz... sou uma abelha... bzz. bzz". Vendo a equipa implodir, Albert "o rabiscos" Speer tomou a rédea da situação, agarrou-se a um pau de giz e começou a desenhar no quadro táctico colunas romanas, portadas arabescas e cúpulas majestosas, lançando ainda maior confusão entre os presentes.

O inicio da segunda parte começou com Adolf "o joanetes" Hitler a apostar tudo na conquista do meio campo das Ardenas, mas a estratégia acabou por ruir pela surpresa que foi criada por Dwight "o girafa" Eisenhower ao colocar George "o neardental" Patton no miolo do terreno e a União Soviética a jogar nas costas da defesa alemã. Para piorar o cenário, Erwin "o preto" Rommel e Claus "o camões" Von Stauffenberg deram inicio a sucessivas tentativas de fazer auto-golos, pelo que ninguém ficou surpreendido quando o 4º árbitro ergueu a certidão de óbito de ambos, substituído-lhes o estado de "vivos" para "mortos". Malgrado esta última alteração táctica, já pouco havia a fazer pelo Terceiro Reich e em cima do apito final deu-se a reviravolta no marcador com a união Soviética a colocar a bandeira da foice e do martelo a esvoaçar sobre o Reichstag. Por esta altura já Adolf "o joanetes" Hitler tinha recolhido às cabines e ao saber do triunfo do mundo livre, pegou na sua Luger e assinou a rescisão do lugar de presidente-treinador-capitão-jogador-guarda-redes-defesa-médio-avançado-massagista-aguadeiro-engraxador-de-botas da mannschaft wermachtiana.

(este texto foi pensado inicialmente para publicar no Podgorica Cátástrófe mas de repente ficou gigante e perdeu o sentido de coloca-lo lá. Fica por aqui, porque no fundo tudo é futebol)

2 comentários:

lawrence disse...

Brravô!!

Ricardo disse...

Que texto.

Isto serve bem de "manual sobre a guerra para o benfiquista que só lê blogues".

Constantino, a formar cabecinhas há mais de não sei quantos anos...