Я не люблю водку. Предпочитаю пиво

Durante anos a fio, o grito que mais assustou o Ocidente industrializado (e Espanha também) foi o guturalmente eslavo e quase imperceptível "сюда приходят русские" (repararam a minha faceta de optimista de bolso, bem ilustrada na expressão "quase" imperceptível?) que é como quem diz em google translatorês "aí vêm os russos". Era o toque a reunir de exércitos, havia gente a correr para bunkers, construíam-se arcas de Noé, mulheres levavam arraiais de porrada porque se refugiavam debaixo da cama em vez de acabarem de fazer o jantar... tudo isto enquanto o Nepomuceno Mozer palitava os dentes a olhar para uma foto da tíbia do semedo... "um dia hás-de ser minha"... o amor tem razões que a própria razão desconhece, certo?

Por incrível que pareça já ninguém se assusta com as hordas siberianas, até porque as tundras estão mais fraquinhas, tremem-se todas das canetas como varas verdes, dizem que o aquecimento global as está a sportinguizar, que os glaciares neste momento já metem mais água que o polga e que os gulags são hoje parques de diversões... tal como eram antigamente e devia ser uma rebaldaria e um deboche de tal forma épico que quem lá ia de fim de semana, raramente voltava... vodka...ucranianas nuas...televisão satélite...pás, picaretas, marretas e pedregulhos para escavacar... loucos os russos, loucos...

Bom, são estes mesmérrimos (palavra utilizada para refutar as acusações que me fazem de discriminar tias e betinhos da Linha na minha produção textual) russos que neste momento voam em direcção à Catedral e apesar de serem liderados por um matarruano que faria Conan O Bárbaro parecer-se mais com um Conan O'Brien (apenas porque o apresentador e o matarruano partilham do mesmo tipo de descoordenação motora), na realidade já não assustam por aí além. É certo que entre hoje e amanhã, poderemos dar de caras com um ou outro idoso num semáforo empunhando um cartaz com as palavras "os russos comem criancinhas ao pequeno almoço e por mim estava tudo bem se comessem só as pretinhas, mas eles também comem caucasianos o que é estúpido porque o Cáucaso fica na Rússia e assim é canibalismo"... mas para além disto, pouco assustam. Aproveito para avisar os leitores que este até é um tipo de idoso facilmente reconhecível, uma vez que para além do cartaz, deverá envergar uma camisola às riscas verdes e brancas e terá na lapela um pin da legião portuguesa.

Assim, tendo em conta o jogo que se aprochega a velocidade Warp III (este é o post das minorias étnicas, agora até para os cromos do Star Trek há espaço), a minha principal preocupação nem são os russos. Se me querem ver cagar a cuequinha... vá, o boxer, antes que surjam rumores acerca da minha lingerie (fio dental tem tendência a enrolar-se nos pelos do cú...não vamos falar disso agora) basta gritarem "ôxenti... vêm lá ois bóiadêro"... sim, não há Shirokov que me tire o sono, quando estamos na iminência de ter a lateral esquerda defensiva formada por Jardel-Emerson. 

Só o desconhecimento da lesão do Garay poderá ter levado spaletti a não convocar o paralítico danny. Nada me faria soltar mais muco pelo nariz do que ver danny com uma perna engessada a passar pelos dois panzers benfiquistas.... e sim, panzers é depreciativo... é sinónimo de lentidão, de peso, de guerra perdida. Porque a falta de talento de Jardel poderá ser o motor de arranque da completa e total ausência de gene futebolístico que caracterizam o nosso lateral esquerdo. O absoluto e mastodôntico vazio de velocidade que irá pairar naquela lateral defensiva é algo que só terá comparação com o tamanho das feridas que seriam inflingidas no proença se ele estivesse todo nú, atado a um poste de alta tensão todo ele em curto circuito e eu tivesse na minha mão uma escova de aço, acabadinha de utilizar na limpeza da grelha de uma assada de carapaus... e toda enferrujadinha, só por causa do tétano. Portanto, gentes do Meu Clube, Párias do meu país, Sumo Pontifices da evolução humana.... hoje eu aqui anuncio..."tenho medo...tenho muito medo do amanhã"...